terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tanto para dizer, nada para contar


Fui de férias, vim de férias, cumpri a missão, achei um sítio paradisíaco, quis morrer no sítio paradisíaco e logo depois quis muito voltar para casa... E já não sabia onde a casa era. Fiz rewind, não devia... e quis muito voltar para trás ou então andar para a frente, mas muito depressa. O tempo passou por mim e eu pelo tempo. Chorei, acordei a rir e voltei a chorar. Tomei a decisão mais difícil da minha vida com esperança de fazer tudo bem e pela primeira vez fiz merda à grande. Não deu para remediar. Há quem diga que não quis. Não quis. Vivia de dúvidas e quero certezas, fantasiava e corria-me mal. Durante algum tempo senti um friozinho na barriga, mas não me atrevia a procurar o que era. Estava mal, estava triste, comigo e com o mundo. Continuo triste, mas agora mais com o mundo do que comigo. É Inverno, está a chover e o sol pouco ou nada aparece... E faz-me falta. Lembro-me de um Inverno que me pareceu Verão, mas depois todas as estações tornaram-se Inverno. Valeu a pena. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, não é o que diz o mestre? Acredito nele. Acredito nas pessoas e quero acreditar. Acredito nas histórias encantadas e quero acreditar. E quero sentir o friozinho na barriga, mas sem mágoa, sem peso, sem sofrer. O lado esquerdo ainda chora... é o lado esquerdo... sempre foi o meu fraco. Mas está calmo e espero que passe. Continuo a querer muitos filhos, uma casa na Comporta, um natal em Nova Iorque, a fruta fresca de Veneza, a rebulião de Barcelona, o amor na Praia do Tofo... rir e fazer rir, o colo da mãe para sempre... Fazer feliz e ser feliz. Amar e ser amada. A vida é um luxo. Cada vez mais tenho a certeza disso. Estamos a chegar ao fim do ano, é sempre altura para balanços e eu, para variar, "só" quero ser feliz. Pedido ambicioso, não? Pode ser que tenha sorte... Deus escreve certo por linhas tortas, que é como quem diz:

há males que vêm por bem.