Voou-me 1 ano.
Tipicamente os seres humanos adoram restrospectivas. Adoramos ser saudosistas, adoramos avaliar o que foi, o que é, o que podia ser, o que virá a ser, o que gostávamos que fosse, mesmo que isso seja completamente inútil.
Hoje sinto-me inútil e menos capaz, por isso hoje é um bom dia para desabafar inutilidades.
Faz um ano que estava eu a entrar para um novo mundo e precisei de um ano para falar sobre isso abertamento.
Predispus-me a ser, durantes uns tempos (pelo menos esta seria a ideia inicial...), criada do ar, empregada de mesa "glamourosa" das nuvens, psicóloga de circunstância, amiga de circunstância, engate de circunstância, amor de circunstância, mãe, irmã, filha ou neta de circunstância, superintendida em engenharia aeronáutica (porque só NÓS sabemos a que altitude vamos ou a hora a que vamos chegar, que montanha é aquela e que espécie de peixes habita naquele rio...uhhhh...), propus-me a ser modelo de mulher de circunstância ou meio de comparação com a do lado, de circunstância, claro!
E isto é ser assistente de bordo da TAP.
Nunca hospedeira, que ja é old fashion e depreciativo.
Entrei infeliz, mas com um objectivo e determinada a aproveitar as coisas que inventei que eram boas.
Descobri que a aviação é um mundo feio, aliás, o pior que encontrei (pirosas, Conchas Espírito Santo catolicenses! Voltem! Estão perdoadas!...).
Mesmo assim consegui viver mais feliz do que nunca, mas essa é outra história, que não sabemos bem como começou e não sabemos bem como acaba...
Há um ano atrás entrei infeliz, mas determinada. Deixei para trás o meu amor, a minha realização, o meu mundo que tanto gosto e tanto prazer me dava. E orgulho, acima de tudo.
Deixei de escrever, deixei de entrevistar os senhores ministros e os senhores presidentes, a minha mão deixou de aparecer na televisão e deixei de aprender. E disso sinto mesmo falta...
Na aviação ninguém aprende nada, a não ser filhas da putice. Não me interpretem mal, há muita gente boa, mas esses também não são os mais felizes nos aviões, também não suportam aquele cheiro tão característico, nem tão pouco a comida (que nem sempre é má), não suportam os problemas de autoridade e/ou falta de peso das rainhas das galleys e dos engenheiros da cocotte (que os há!).
Mas temos sorte e nós estamos em maioria. E não somos melhores ou piores, somos diferentes, somos de outro mundo e por isso sim, dou graças a Deus!
As coisas boas passam por estar de férias há um ano, ter ido a todas as exposições, museus, teatros e concertos que deu para ir, ter curtido a noite de todas as capitais europeias, ter estoirado grande parte do ordenado em presentes.
E ora! Chegámos ao ponto fulcral da questão: a sobrevivência.
Estou de férias e recebo alto ordenado por isso, que, vergonhosamente, não pus nem ponho de parte. Mas enchi o meu mundo cor-de-rosa de presentes, fiz feliz e fiz-me feliz.
Eventualmente vou ter mais juízo e vou juntar a partir de agora para poder ter casa e bébes, que era esse o objectivo. Esse não muda.
No fim o saldo é positivo, tenho sido feliz, infeliz pontualmente. Não penso na Lusa para não chorar. Não posso chorar porque, infelizmente, já sou crescida e a mãe tem estado LINDA e para quem me conhece sabe bem a importância disso!...
No fim o que importa é que a culpa é do Sócrates.
No fim o que importa é que hoje é sexta-feira 13, mas vai ser passageiro, como tudo na aviação, como tudo na vida...
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[Miss Lux, se me está a ouvir: um grande beijinho, um grande bem haja, estamos juntas e vamos vencer!!!]
2 comentários:
lololl ai tão linda!!! vamos pedir chave senão qualquer dia está você a entrar no TTA e eu estou aos gritos com um extintor a encher aquela merda de halon!!! ;))
um grande beijinho!Adoro-t!!
Não fazia a mínima ideia dessas tuas aventuras aéreas. A vida é dura :p Bjos.
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