Eis se não quando... no dia do Santo Padroeiro de Lisboa...

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Autopsicografia, Fernando Pessoa, 1932
Não me canso. Nunca me cansa.
3 comentários:
"A nossa memória manter-nos-à acordados quando a luz do dia adormecer os nossos sonhos"
William Seward Burroughs
André
"William Seward Burroughs, 5 de fevereiro de 1914 – 2 de agosto de 1997. Foi escritor, pintor e crítico social nascido nos Estados Unidos.
A sua obra mais conhecida é Naked Lunch. Grande parte de sua obra, de atmosfera fantástica e grotesca, tem carácter autobiográfico.
Apesar de fazer parte da chamada geração beat, os seus livros têm pouco em comum com esses autores, já que a linguagem utilizada provém de fluxos de consciência durante o uso de alucinogénos.
Homossexual depois da morte acidental da esposa, foi um dos pioneiros da literatura experimental, tanto no universo léxico escatológico, urbano, comum e absurdo, como no consumo de drogas para produção subjectiva de textos".
E pensar que, apesar disto tudo, o gajo tem razão...
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